Que sinto? Que motivo existe para viver? Apesar de não ter ideias suicidas, não vejo qualquer tipo de vantagem em viver uma vida, pelo menos não estas que o mundo conjecturou. Sinto-me só. Sinto-me sem vontade de rigorosamente nada. Sinto que saiu para a rua, vestido de demónio, com um olhar divino, vejo tudo de forma diferente, percepciono tudo de forma diferente, ajo de forma diferente, sinto-me filosoficamente brutal, mas sem estrutura psicológica para esta mesma visão. Acho todas as pessoas e o mundo no geral, um colosso de maus sentimentos, penso em mil e uma coisas da vida mas, mesmo com um vocabulário extenso, não consigo descrever nem metade dos pensamentos que se insurgem na minha cabeça. Tive um professor que falou comigo uma vez e surpreendeu-me. Ele tinha descoberto o meu problema. Tinha descoberto que o meu tormento era esta visão. Falou-me no irmão, o irmão, mais velho do que ele uns 3 anos, tinha ido estudar Sociologia. Desde então, enlouqueceu pois começou a questionar o mundo. Não trabalha, pois acha todo e qualquer bem material supérfluo, não se dá com ninguém pois acha o Mundo um bunker de pessoas cínicas. Já tinha o exemplo do meu tio, agora tinha mais um. Cada vez mais a minha visão traz-me um enorme pânico. Queria tanto ser personagem do romance de Saramago "Ensaio sobre a cegueira", queria tanto ser "cego", queria tanto não ter esta visão que me cega de ódio. Queria tanto não duvidar de tudo, de todos, do Mundo. Mas mais que tudo, queria não ter a minha duvida eminente: "Serei um génio? Ou serei apenas um estúpido com a mania que sou mais inteligente que tudo o resto?"
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