sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

Num mundo repleto de egoísmo, critica, e do maior sentimento, e este já é bastante da autoria portuguesa, a "auto-pena", o Natal, época de amor, de afectos, de todos os sentimentos bondosos, não passa senão duma época dum sentimento ainda pior, o cinismo. Quando a população mundial passa 364 dias por ano a desconfiar, a menosprezar, a repudiar todo e qualquer ser humano, que bondade poderá haver ao, numa noite, sem mais razão do que noutra qualquer, se decide amar toda a Humanidade. Eu pessoalmente, torno-me apologista do "não espírito de Natal" em que, precisamente nessa noite, e não por vontade própria, fico com um tremendo mau-humor. Numa sociedade em que a religião é o capitalismo, e a sua fé nos bens materiais é inabalável, torna-me feliz ver, que um parente fica feliz com a simples companhia da pessoa, hoje cidadão com pensamentos e ideologias convictas, que criou. Em 4 anos, era o seu primeiro Natal com a família e ia passar sozinho em casa, nunca, jamais me sentiria feliz comigo próprio se permitisse isso acontecer, se aquela pessoa, que em 18 anos, esteve presente talvez uns 10, mas que provavelmente é das que mais me "moldou", um génio, filosoficamente um monstro, com um brilhantismo mental incontestável. Errou imenso na vida, mas admirável, não pelos seus actos, mas pela sua mente. E hoje, a criança, o sobrinho que ele criou, desde a nascença, mas hoje homem, mostrou um amor inimaginável, ao mandar todo esse mundo económico, materialista, frio e insensível para fora da sua órbita e querer mais, querer uma noite apenas com o seu "criador", uma mesa mal composta, sem prendas, apenas uma sala, uma televisão, duas mentes cativantes, conversas apaixonantes e os maiores momentos que o amor poderia oferecer. Hoje, ao fim de 18 anos, tive uma noite de Natal.

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