Sinto-me a estagnar, sinto-me a ficar, sinto-me a sonhar mas sem desabrochar, sinto as palavras que me arranham a garganta de tanta ânsia de serem ditas, sinto ter um mundo inteiro na língua pronto para ser mostrado, sinto as lágrimas enraivecidas a projectarem-me os olhos, sinto uma força de viver, mas já sem vida para tanta força. Sinto o potencial enorme, demasiado pequeno para este local, sinto uma transcendência gigantesca capaz de fazer frente ao maior dos deuses. Sinto uma carência enorme do que antes me era abundante. Sinto-me um tudo, sinto-me um nada. Sinto-me um mundo, sinto-me uma fachada. Sinto-me, de todas as coisas, ter tudo, mas sinto faltar-me a mais desejada. Sinto vontade de ir, sem olhar para trás, mas sei que me recordaria de tudo o que o meu passado traz. Sinto-me a querer abandonar tudo, mas sinto que não tenho nada para abandonar. Sinto que, por um lado, não tenho nada a perder. Por outro, tenho tudo a ganhar. Um dia sentir-me-ei soberano, sentir-me-ei supremo, sentir-me-ei magnificamente enfermo, sentir-me-ei como o dono do Mundo. Sentirei que tudo esta ao meu alcance, que nada me deterá, sentir-me-ei... eu. Hei-de sentir que fui embora, com a intenção de trazer algo maior, maior que eu, maior do que tudo feito ate agora, simplesmente... sinto-o.
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